Lua em gêmeos, finda a tarde com céu manso e limpo, por aqui. Criar é delimitar! ✨ A troca vivenciada na live ontem (24/4 às 17h) ainda ressoa livre e fértil dentro de mim. Leve e solto com mistério(feat)taça de vinho, conversamos sobre processo criativo e até rolou metodologia “carta de tarôt” com #FaygaOstrower. 💜🤷🏼♀️ Falar de #processocriativoé costurar moda com arte e vida: caminhada e travessia de corpo, tempo e memória. No processo, o caminho é um caminho de crescimento, isso significa que a orientação é revelada na trajetória por meio das experiências e vivências atravessadas. Somos contaminados por “valores de uma época”, toda arte deve ser política e #Estiloé transmissão/tradução de pensamento. Elaborar é preciso, sempre, com desenho, cor, traço, escultura, carne, palavra. Elaborar é suturar-palavra/forma. Ser espontâneo significa ser coerente consigo mesmo, a seletividade implica em liberdade. O #designerde#modaautoralé um autor, seu produto serve a uma ética sustentável e responsável socialmente, pautada no afeto, transparência e no respeito pelo tempo de seu trabalho de criação. O designer é aquele que sente, sente em demasia.
-> Perguntas/Curiosidades sobre o meu processo criativo:
1) Qual o maior desafio da sua carreira como estilista?
A coleção Vida de Sereia (dezembro de 2015), foi a última que lancei no antigo ateliê físico da marca. Eu sabia que ela falava de um novo momento da nossa história. Era como se uma dualidade pedisse por integração e novos lares/hábitos. A "Alice" queria se encontrar com a "Sereia", criei personagens fictícios a partir da investigação das minhas emoções, descobertas e sentimentos da época. As peças eram assimétricas, incertas, repletas de texturas contraditórias mas que coexistiam oscilando entre silêncio e harmonia.
2) Qual a coleção preferida?
Todas são inesquecíveis mas me veio primeiro na mente a coleção O Choro de Iracema (abril-maio 2017). Foi um momento de ruptura e renascimento, de afirmar os meus valores como criadora. O processo exigiu caminhada, coragem e entrega.
3) Como você define o seu estilo como criadora?
Minimalista, preciso da limpeza visual das formas e das cores. Começo sempre com uma profusão de ideias, um emaranhado, o trabalho da criação consiste mais em cortar, aparar as arestas, desembaraçar os fios, costurar os nós. Penso muito no conforto e trago referências esportivas na minha memória corporal, intento equilibrar o estilo natural/esportivo com o elegante/moderno.
4) Fala sobre a sua metodologia de criação:
Há anos utilizo o design thinking e suas etapas processuais não lineares para gerar, analisar, sintetizar e desenvolver. São 4 fases que impõem atividades projetuais.
1) imersão: é quando eu problematizo tema, tendência, forma, estilo, persona/mulher, questões culturais e contextuais, políticas e sustentáveis. traço o mix de produto, as questões sustentáveis que vou abarcar, penso na ergonomia, rabisco os primeiros esboços de formas, motivos, palavras, poemetos.
2) pesquisa: mergulho em diálogos, filmes, poesias, imagens do pinterest, salvos no instagram, músicas, sussurros, sonhos, anotações da análise. pesquiso, analiso, reflito, inicio os processos de síntese.
3) ideação: é quando busco imprimir a minha "pimenta", meu estilo, minha criatividade, minha ousadia. monto painéis, desenho croquis, faço esculturas de tridimensionalidades para pensar volumes no corpo.
4) verificação: hora de desenvolver ficha técnica, testas modelagem e desenvolver as peças piloto. é hora de lapidar a forma, produzir, realizar shooting, desfilar, performar, viver com o novo território habitado.
5) Qual o tema da sua próxima coleção?
corpo, janela para o mar -> um diálogo sobre esperar e cantar, sobre atravessar o espelho.
alice -> quero construir um novo país de fantasia e maravilha para a menina curiosa e questionadora.
E aí? Me conta como funciona o seu processo criativo. Como você atravessa os meandros da memória? Quais os desafios que você enfrenta com as questões da temporalidade?
Renata Santiago
Fortaleza, 26 de abril de 2020, 14:10.
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