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  • Foto do escritorModaparamim

Quanto vale o seu look?




No século XV, o mundo vivenciou o início da chamada escravidão moderna, através do tráfico africano, iniciado pelos portugueses, em meados de 1444. Séculos se passaram, até que em 1808, somente, os Estados Unidos tomaram a frente na proibição ultramarina do tráfico de escravos, seguidos dos britânicos e dos holandeses, em 1815. No Brasil, a Lei Feijó foi assinada em 1831, e não trouxe resultados palpáveis no fim da escravidão, resultando em medidas drásticas por parte da inglaterra, que passou a combater corpo a corpo o tráfico negreiro. Em 1850, foi assinada então a Lei Eusébio de Queirós, decretando a proibição do tráfico negreiro, mas permitindo a permanência daqueles já escravizados. Com a pressão popular, a Lei Àurea foi assinada em 13 de maio de 1888, pela princesa Isabel, libertando assim todos os escravos.


Apesar da longa jornada mundial em prol da igualdade e do respeito à vida, em pleno século XXI, ainda encontramos inúmeros casos de escravidão. Não apenas contra negros e outras minorias, mas contra todos aqueles sobre os quais alguém acredita ter poder e domínio. Infelizmente, muitos de nós ainda fechamos os olhos para essa realidade. Há alguns dias atrás, na novela A Dona do Pedaço, vimos um nítido exemplo do que acontece em nossas mentes do dia a dia. A personagem Jô, ao ser questionada sobre investir em diamantes originários de áreas em guerra e trabalhos forçados, respondeu que a guerra era em um país distante e que as pessoas escravizadas são indivíduos que ela não conhece, logo, "o problema não é meu". A questão é que o problema é nosso sim.


Vamos trazer esse contexto para a moda, certo? Esse é o segundo segmento que mais escraviza pessoas no mundo, segundo dados da The Global Slavery Index 2018, da fundação Walk Free. As vítimas trabalham em condições precárias e recebem muito menos do que deveriam. São espancadas, abusadas, forçadas a seguirem em jornadas de trabalho irreais. São cerca de 40,3 milhões de pessoas, 71% mulheres.


Enquanto milhares trabalham de forma humilhante e degradante, as empresas por trás movimentam mais de US$354 bilhões. Isso tudo só acontece porque nós aceitamos. Isso mesmo! Esse é o preço da sua blusinha de US$5 dólares que você comprou em Orlando, ou mesmo da calça de R$20,00 reais, da t-shirt de R$4,99 (não é nada difícil encontrar preços assim aqui no Brasil).


Esse modelo de produção que visa mais por menos, ganhou a atenção do mundo novamente apenas quando 2 mil pessoas ficaram feridas no desabamento do Rana Plaza, em 2013, que abrigava confecções em Bangladesh. A situação precária do prédio foi anunciada pelos trabalhadores que, em resposta, foram agredidos e mandados de volta ao trabalho. Meses depois, a tragédia aconteceu.


Em locais como esse, as pessoas trabalham 16 horas por dia e recebem valores irreais, para produzirem peças para marcas como Forever 21, Zara, H&M e outras grandes varejistas.





Uma dica importante para evitar apoiar essas práticas, é sempre verificar na etiqueta onde a peça foi produzida. Países como Bangladesh, Indonésia, Vietnã, Etiópia e Camboja, são alguns com os maiores índices de trabalho escravo na moda. Veja onde a peça foi produzida, pesquise sobre casos em que a loja esteve envolvida, quais medidas ela tomou, e sempre avalie o preço cobrado pela roupa. Roupas muito baratas são sempre suspeitas. Ainda que em outro país, ainda que por uma roupa linda, o sofrimento alheio não vale a pena. Precisamos de mais empatia, inclusive quando se fala em estilo. Seu look vale a escravidão de outra pessoa?

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