(Arte Surrealista do artista canadense Rob Gonçalves)
Para Freud (1930), a definição de civilização passa por proteção do homem contra a
natureza e regulamentação das relações humanas. Salienta-se que a civilização impõe aos indivíduos
uma limitação de seus impulsos pulsionais (sexuais e agressivos) com o objetivo
de preservar a coesão do grupo.
·
Porém, a civilização fracassa em proporcionar a
felicidade que se espera dela. Por que é difícil para os homens serem felizes? Segundo o autor, a
culpa é da civilização que não consegue proteger o sofrimento embora seu
objetivo seja o de prevenir esse sofrimento. Observa-se que civilização não
significa progresso e que a tecnologia não cumpriu aquilo que prometeu.
Visão
pessimista ou visão lúcida sobre a condição humana?
A
questão da religião é ancorada na psicologia individual e possui origem profana. Representa um equilíbrio precário: o ser humano em uma civilização destinada a protegê-lo e que
paradoxalmente pode destruí-lo. Pelo
fato de restringir as pulsões sexuais e agressivas dos indivíduos com o
objetivo de manter a coesão da sociedade, a civilização entra em conflito com
seus membros tomados individualmente que, caso se revoltem, podem destruí-la.
è
O “Mal
Estar na Civilização” representa o sentimento de culpa resultante do conflito do superego
(civilização) x ego (interesses individuais). O
sentimento oceânico tratado no texto reflete um resíduo de um desejo infantil, pautado em uma sensação de eternidade e de um sentimento de união indissolúvel com o
grande todo e de pertencimento ao universal.
·
O sentimento de ilimitado que trata o
sentimento oceânico corresponde à sobrevivência do adulto desse sentimento de
união experimentado pelo bebê. Freud nega o sentimento oceânico como sendo
fonte da necessidade religiosa. Freud considera que a necessidade religiosa tem
origem na dependência infantil e na nostalgia do pai protetor. Dessa forma, o sentimento religioso tem o objetivo de negar os perigos pelo qual o homem se sente ameaçado vindos do mundo exterior a fim de encontrar um consolo. Para Freud (1930), a religião propõe intimidação da inteligência, delírio
coletivo, infantilismo psíquico, poupa uma neurose individual, rebaixa o valor
da vida e deforma a imagem do mundo real.
·
No texto Freud afirma que o objetivo da
existência é buscar a felicidade e evitar o sofrimento. Todo
sistema religioso tem a finalidade de decifrar o enigma do universo, assegurar
que uma providência benevolente zela por sua vida e prometer uma vida após a
morte. Dessa forma, a necessidade religiosa vem da fixação na fase infantil que poucos superam. Se descartarmos o
objetivo proposto pela religião, qual é então o objetivo da existência? Na
verdade o princípio do prazer (que discutiremos em outra oportunidade) determina o objetivo da vida.
A
civilização atual evitará sua autodestruição?
O sentimento de culpa constitui o problema crucial
do desenvolvimento da civilização, e todo progresso tem de ser pago com a perda
da felicidade e um reforço do sentimento de culpa.
·
A busca da felicidade é algo individual. Nenhum
conselho é válido para todos cada um deve buscar para si mesmo uma maneira de
ser feliz. Nesse sentido, a psicoterapia auxilia na busca pelo autoconhecimento
que ao ser alcançado gradualmente com trabalho em conjunto trará benefícios na
autoconfiança, autoestima e tranquilidade para a realização de escolhas e decisões
conscientes e coerentes com a realidade individual de cada sujeito.
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